A tripanossomíase africana, também conhecida como doença do
sono, é uma doença parasitária. Os parasitas são transmitidos para humanos
através da mordida de uma mosca tsé-tsé que tenha adquirido a infecção de
humanos ou animais que sejam portadores dos parasitas. As moscas tsé-tsé são
encontradas somente na África subsaariana, mas apenas certas espécies
transmitem a doença.
Quais são os principais sintomas?
Sem tratamento, a doença do sono é considerada fatal.
No primeiro estágio (a fase hemolinfática), os parasitas se
multiplicam nos tecidos subcutâneos, no sangue e na linfa.
Febre
Dores de cabeça
Dores nas articulações
Coceira
No segundo estágio (a fase neurológica), os parasitas cruzam
a barreira sangue-cérebro para infectar o sistema nervoso central.
Perturbação no ciclo de sono
Mudanças de comportamento
Confusão
Distúrbios sensoriais
Falta de coordenação
O diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível a fim de
se evitar procedimentos complicados, difíceis e arriscados.
O que causa a tripanossomíase africana (doença do sono)?
A doença é transmitida principalmente através da picada de
uma mosca tsé-tsé infectada, mas existem outras formas de infecção da doença do
sono.
Infecção de mãe para filho: o tripanossomo pode atravessar a
placenta e infectar o feto.
A transmissão mecânica através de outros insetos que se
alimentam de sangue é possível.
Infecções acidentais já ocorreram em laboratórios devido a
picadas com agulhas contaminadas.
A doença do sono tem duas formas, dependendo do parasita
envolvido:
Trypanosoma brucei gambiense (T.b.g.): encontrado na África
ocidental e central. Esta forma atualmente corresponde a mais de 95% dos casos
registrados de doença do sono e causa uma infecção crônica. A pessoa pode ficar
infectada por meses ou mesmo anos sem apresentar sinais ou sintomas
significativos da doença. Quando os sintomas emergem, o paciente muitas vezes
já está em um estágio avançado da doença em que o sistema nervoso já foi
afetado.
Trypanosoma brucei rhodesiense (T.b.r.): encontrado na
África oriental e meridional. Hoje em dia, esta forma representa menos de 5%
dos casos registrados e causa uma infecção aguda. Os primeiros sinais e
sintomas são observados alguns meses ou semanas após a infecção. A doença se
desenvolve rapidamente e invade o sistema nervoso central.
Como se pode tratar a doença do sono?
O tipo de tratamento depende do estágio da doença. Os
medicamentos usados no primeiro estágio da doença têm menor toxicidade e são
mais fáceis de se administrar. Quanto antes a doença for identificada, melhor
será a perspectiva de cura.
O sucesso no tratamento no segundo estágio depende de a
droga atravessar a barreira sangue-cérebro para atingir o parasita. Tais drogas
são tóxicas e complicadas de se administrar. Existem quatro drogas registradas
para tratamento da doença do sono, e elas são distribuídas gratuitamente em
países endêmicos.
Tratamento para o primeiro estágio:
Pentamidina: usado para tratamento no primeiro estágio da
doença do sono causada por T.b. gambiense. Apesar dos efeitos indesejáveis, que
não são insignificantes, a droga é geralmente bem tolerada pelos pacientes.
Suramina: usada para tratamento do primeiro estágio da
doença do sono causada por T.b. rhodesiense. Provoca certos efeitos
indesejáveis no trato urinário e reações alérgicas.
Tratamento para o segundo estágio:
Melarsoprol: usada em ambas as formas da infecção. É
derivado do arsênico e possui muitos efeitos colaterais, sendo que o mais
dramático é a encefalopatia reativa (síndrome encefalopática), podendo ser
fatal (3% a 10% dos casos). Um aumento na resistência à droga foi observado em
diversos focos, particularmente na África Central.
Eflornitina: menos tóxica que o melarsoprol, mas eficaz
somente contra o T.b. gambiense. A administração é rígida e de difícil
aplicação.
Um tratamento combinado de nifurtimox e eflornitina foi
introduzido recentemente (2009). Ele simplifica o uso da eflornitina em
monoterapias, mas infelizmente não é eficaz contra o T.b. rhodesiense.
(Fonte: OMS)