No dia 28 de julho de 2014, a Primeira Guerra Mundial completa 100 anos.
O conflito envolveu praticamente o mundo inteiro por um simples motivo: as
potências que iniciaram a guerra eram grandes Impérios. De uma lado, os aliados
ou Tríplice Entente, com o Império Britânico, Império Russo e França. De outro, o Império Austro-Húngaro, Império
Alemão e Itália (que depois acabou mudando de lado) – e ainda, o apoio do
Império Turco Otomano, aliado à Alemanha contra a Rússia. Com o fim da guerra,
em 1918, muitas mudanças ocorreram, não só políticas, mas também geográficas: 4
impérios deixaram de existir, além do surgimento de vários países. Conheça as 5
maiores mudanças no mapa europeu após a Primeira Guerra Mundial.
5. Império Britânico
O Império
Britânico foi, em seu auge, o maior império da história, com 33,7 milhões de
km² em 1920. Porém, nessa mesma época, já tinha perdido boa parte de seu
poderio. No final do século XIX, a ascensão da Alemanha e dos Estados Unidos
afetou a liderança econômica do Reino Unido.
Os britânicos
permaneceram neutros nos meses iniciais da Primeira Guerra Mundial, mas
acabaram entrando no conflito quando a Alemanha invadiu a Bélgica. Os domínios
do Império Britânico participaram da guerra ao lado da Inglaterra, mas o
esforço financeiro para sustentar a vitória diminuiu muito seu poderio
industrial e militar.
Assim, pouco a
pouco, nos primeiros anos pós-guerra, ocorreu uma reorganização dos territórios
do Império, com algumas colônias conquistando independência. Na Europa, a
Irlanda estabeleceu o Estado Livre Irlandês, separando-se do Reino Unido,
através do Tratado Anglo-Irlandês, assinado no pós-guerra, em 1921. A Irlanda
do Norte decidiu manter-se unida ao Império Britânico.
4. Império Turco Otomano
Fundado em 1299,
o Império Turco Otomano foi a única potência muçulmana a desafiar o poderio da
Europa Ocidental. Eles disputavam os Balcãs com o Império Austro-Húngaro e com
os russos, envolvendo-se em guerras com os últimos nos séculos XVIII e XIX. Porém,
no século XIX, o poderio dos Turcos Otomanos estava diminuindo e seu império
entrou em declínio. Os primeiros a conquistar a independência foram os gregos,
em 1821, seguidos por Sérvia, Bulgária, Romênia e Montenegro. Na mesma época,
os povos mulçulmanos que viviam ali fugiram e foram se refugiar no território
da atual Turquia.
Em 1908, a
Revolução dos Jovens Turcos limitou o poder do sultão com a convocação do
parlamento otomano e a restauração da Constituição – um dos marcos na
dissolução do Império. Durante a guerra civil turca, o Império Austro-Húngaro
anexou a Bósnia e Herzegovina. Se seguiram várias disputas na região ao longo
dos anos, como conflitos contra os italianos, a guerra dos Balcãs e a Ferrovia
Berlim-Bagdá, uma das causas da Primeira Guerra.
O governo dos
Jovens Turcos tinha um tratado secreto com a Alemanha contra a Rússia, o que os
incluía no lado da Tríplice Aliança. Após a guerra, o Tratado de Sèvres,
assinado entre os Aliados e o Império Otomano em 1920, desmantelou o império de
uma vez por todas. Além dos territórios do Oriente Médio, todos os territórios
turcos na Europa foram entregues à Grécia, com a exceção de Constantinopla. A
república da Turquia foi formada após a guerra de independência turca. Hoje são
40 novos países criados a partir daquele antigo Império Turco Otomano.
3. Império Alemão (ou Império Prússio)
Esse império
surgiu em 1871 com a tardia unificação alemã. O “atraso” fez com que a Alemanha
se ressentisse de não ter participado da divisão dos territórios africanos.
Além disso, havia uma forte rivalidade (e alguns conflitos) com os vizinhos
França, Rússia e Áustria-Hungria. Na segunda metade do século XIX, eles se
envolveram em guerras entre si disputando territórios.
Na mesma época,
o país passou por uma rápida industrialização e crescimento populacional,
tornando-se uma potência econômica. Ainda assim, mesmo com o investimento na
militarização e os esforços coloniais, o Império Alemão tinha pouco tamanho, se
comparado a outras potências como Reino Unido e França.
A Alemanha era
aliada do Império Austro-Húngaro desde 1879, e deu seu apoio quando ele
declarou guerra à Sérvia, devido ao assassinato do Príncipe Francisco
Ferdinando. Com isso, Rússia e França entraram no conflito, iniciando a
Primeira Guerra Mundial. A derrota da Alemanha na guerra foi consolidada pelo
Tratado de Versalhes, assinado em junho de 1919. O Império Alemão não só perdeu
todos os seus territórios ultramar, mas também parte de suas terras para a
França, Bélgica e Polônia (país que se restaurou após a guerra).
Além da grande
perda de seus domínios, a Alemanha também precisou pagar indenizações por sua
responsabilidade pela guerra, o que causou uma séria crise econômica no país.
Tais acontecimentos contribuíram para a ascensão nazista ao poder alemão e,
consequentemente, para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
2. Império Russo
O Império Russo,
que durou de 1721 a 1917, cobriu o Leste Europeu, a Ásia Central e até a
América do Norte (Alasca), sendo um dos maiores impérios da história. Pouco
antes da Primeira Guerra, a Rússia era uma das últimas monarquias absolutistas
na Europa, com uma riqueza de mais de 250 bilhões de dólares. Porém, isso não conseguiu
evitar crises econômicas e problemas sociais e políticos, gerados pela
insatisfação da população com o autoritarismo do sistema czarista.
Em 1898, surgiu
o Partido Operário Social-Democrata Russo, o primeiro partido político baseado
nas ideias marxistas. Em 1905, ocorreu uma grande marcha, com um milhão e meio
de pessoas indo em direção ao Palácio de Inverno reclamar por mais direitos
sociais e políticos. A resposta do Czar foi uma ordem para atirar nos
protestantes, evento que ficou conhecido como Domingo Sangrento. O resultado
disso foi ainda mais agitação e mais movimentos anti-governo.
A entrada do
Império Russo na Primeira Guerra Mundial só piorou as coisas. Eles tinham como
objetivo conquistar novos territórios e obter acesso ao mar Mediterrâneo e, por
isso, se juntaram à Tríplice Entente. Porém, durante o conflito, a Rússia
perdeu muitas terras, viu metade do seu efetivo militar morrer e sofreu com uma
paralisação da indústria, que acarretou a diminuição da produção agrícola e,
consequentemente, uma inflação generalizada.
A Revolução de
Fevereiro (que no calendário ocidental ocorreu em março de 1917) derrubou o
Czar e estabeleceu uma república. Depois, na Revolução de Outubro (novembro, no
nosso calendário), o Partido Bolchevique tomou o poder e impôs o governo
socialista soviético. Uma das prioridades do novo governo foi a retirada da
Rússia da guerra, e daí a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk, em 1918. Com
o tratado, a Rússia abriu mão de territórios, formando novos países: Finlândia,
Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Bielorrússia e Ucrânia (os dois últimos,
porém, passaram a integrar a recém formada União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas).
1. Império Austro-Húngaro
O Império
Austro-Húngaro, ou Áustria-Hungria, surgiu em 1867, sucedendo o Império
Austríaco que fez um acordo com a nobreza Húngara. Entre suas principais
cidades estavam Viena, Budapeste, Praga, Cracóvia, Zagreb, entre outras. Antes
da Primeira Guerra Mundial e de sua dissolução, o Império chegou a ter mais de
670 mil km² e 52,5 milhões de habitantes.
O problema era
que as minorias étnicas eslavas, uma parcela significativa da população, não
tinham plenos direitos aos olhos dos governantes, e isso contribuiu bastante
para a desintegração do império. Havia também um grande interesse desse império
na região dos Balcãs, o que gerava conflitos com as nações vizinhas,
principalmente a Rússia, mas também com nações menores – que também tinham seus
projetos expansionistas -, como Bulgária e Sérvia.
O assassinato do
herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro por um nacionalista sérvio em
Saravejo, foi a gota d’água para o início da Primeira Guerra Mundial. O sistema
de alianças entre os países europeus e as várias tensões no continente só
precisavam de uma faísca para o conflito de maiores proporções explodir. A
Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, que foi apoiada pela Rússia. Os
alemães entraram no conflito por conta de um acordo anterior com os austro-húngaros,
e a França por causa de uma aliança com a Rússia. E assim, mais e mais nações
foram se posicionando e ampliando as dimensões da guerra.
No final da
Primeira Guerra, quando já estava claro que a Tríplice Entente venceria, os
grupos étnicos que queriam mais direitos e autonomias passaram a exigir
independência. Surgiram vários estados sucessores: a Áustria e a Hungria se
tornaram repúblicas separadas, com parte de seus territórios transferidos para
países vizinhos, como a Transilvânia, que passou a fazer parte da Romênia.
Também surgiram a Tchecoslováquia e a Iugoslávia (tomando o território que
pertencia à Sérvia e Montenegro). A Albânia passou a fazer parte do mapa, em
uma região que continuou vivendo conflitos muito depois da Primeira Guerra.
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