A classificação da Bósnia ou Bósnia-Herzegovina para a Copa
do Mundo de 2014 que se realizará no Brasil, chamou a atenção por dois
aspectos. O primeiro, relacionado ao ineditismo de ser sua primeira
participação em Copas do Mundo. O segundo, por ter sido um país que só se
constituiu como tal em 1995, em decorrência da desintegração da Iugoslávia.
A República Socialista e Federativa da Iugoslávia foi um
país que nasceu e desapareceu entre o final da Segunda Guerra (1945) e 1991,
quando passou por um processo de desintegração. Enquanto existiu, a Iugoslávia
era composta por seis repúblicas (Eslovênia, Croácia, Bósnia, Montenegro,
Sérvia e Macedônia) e duas regiões autônomas (Kosovo e Voivodina).
O processo de desmantelamento da Iugoslávia, iniciado em
1991, aparentemente, teve seu último capítulo no início de 2008, quando da
independência de Kosovo. Portanto, atualmente existem no lugar da antiga
Iugoslávia sete novos países, isto é, as seis repúblicas que formavam a
Federação Iugoslava, mais Kosovo (Voivodina continua como parte da Sérvia).
O processo de desintegração não foi pacífico e dos conflitos
que lá ocorreram nesse processo, o mais sangrento e conhecido foi a Guerra da
Bósnia que se estendeu de 1992 a 1995. Pelo menos 200 mil pessoas morreram,
cerca de 1 milhão ficaram feridas e mais de 2 milhões se tornaram refugiados. O
conflito na Bósnia foi a guerra mais mortífera ocorrida no continente europeu
após a Segunda Guerra Mundial.
Com cerca de pouco mais de 51 mil km2 – quase a superfície
do Rio Grande do Norte - e uma população de 3,7 milhões de habitantes
(aproximadamente a população do Amazonas), a Bósnia, apresenta uma expressiva
diversidade étnico-religiosa. O país possui três grupos principais: um pouco
menos da metade de sua população é constituída por muçulmanos bósnios,
aproximadamente 37% são sérvios de religião cristã ortodoxa e cerca de 15% são
croatas católicos. Essa diversidade populacional é fruto de uma evolução histórica
turbulenta e particular.
Em agosto de 1995, após três anos de um conflito terrível, a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), alegando razões de cunho
humanitário, passou a intervir na região através de uma campanha de bombardeios
sobre posições conquistadas pela comunidade sérvia. As milícias dessa
comunidade foram as principais acusadas de promover massacres, especialmente
contra os muçulmanos.
Ao final de 1995, os Estados Unidos, secundados pela União
Europeia, praticamente impuseram um acordo de paz (Acordo de Dayton), pondo fim
ao trágico conflito. Do ponto de vista territorial o acordo previu que a Bósnia
manteria suas fronteiras originais, mas seria dividida em duas entidades
políticas semiautônomas: a República Sérvia da Bósnia, com 49% do território e
a Federação muçulmano-croata (51%). (veja o mapa)
A reconstrução da infraestrutura física e das instituições
civis e políticas do país ficaram sob a supervisão da ONU, o que seria
garantido pela presença de cerca de sete mil soldados de vários países da União
Européia. Quase 20 anos após o término do conflito essas forças militares – o
contingente atual é de cerca de 2000 soldados - continuam estacionadas na
Bósnia sem previsão de saída.
Internamente, o país funciona com uma presidência coletiva,
com um sérvio, um croata e um bósnio muçulmano se revezando no poder. Quando
surgem problemas entre os três grupos entra em ação a figura do Alto
Representante da Comunidade Internacional, autoridade que tem o poder para
demitir líderes e anular ou decretar leis. Desde 2009, o cargo é exercido por
um diplomata austríaco.
O principal desafio que ainda se coloca para o país na
atualidade é o de transformar a Bósnia efetivamente num Estado que funcione sem
a interferência internacional e possa pleitear sua adesão à União Europeia.
Fonte: Jornal Mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário