sábado, 9 de agosto de 2014

O Sudão do Sul é o mais novo país do mundo, após ter oficializado sua independência em relação ao Sudão.



Por que a maioria dos cidadãos do sul quer um país independente?
Assim como no restante da África, as fronteiras do Sudão foram desenhadas por potências coloniais pouco preocupadas com as realidades étnicas e culturais da região.
Enquanto o Sudão do Sul tem uma paisagem repleta de selvas e pântanos, o norte é mais desértico.
A maioria da população do norte é muçulmana e fala árabe; o sul é composto de vários grupos étnicos, de maioria cristã ou animista.
Com o governo centralizado no norte, em Cartum, a população no sul se dizia discriminada e rejeitava tentativas de imposição da lei islâmica no país. Os dois lados lutaram entre si durante a maior parte de sua história.
O que acontece após a independência?
Agora é que começa o trabalho duro. Norte e sul ainda têm de chegar a um acordo em relação a temas como:
- Traçado da nova fronteira e como ela será controlada
- Como dividir a dívida do Sudão e os royalties do petróleo do novo país
- Que moeda será adotada pelo novo país
- Que direitos os sulistas terão no norte, e vice-versa
O Sudão do Sul está pronto para a independência?
A verdade nua e crua é: não.
Após viver anos em guerra e desdenhado pelo governo central, o novo país – que é maior do que Espanha e Portugal juntos – quase não tem estradas; também faltam escolas e serviços de saúde para a população de cerca de 8 milhões.
 Região fronteiriça de Abyei, palco de confrontos em maio
Regiões fronteiriças como Abyei, rica em petróleo, ainda despertam disputas entre norte e sul
Apesar de seu potencial para a agricultura, 95% das receitas do novo país vêm do petróleo.
“A vida no Sudão do Sul provavelmente será precária nos anos futuros”, disse à BBC o analista especializado em Sudão Douglas Johnson.
Os ex-rebeldes do grupo SPLM, que têm controlado a região desde 2005, ganharam alguma experiência em governabilidade e lucram com os poços de petróleo do sul sudanês. Também elaboraram planos ambiciosos para desenvolver suas cidades e realizaram um concurso para a composição do hino nacional.
Mas críticos dizem que, até agora, o grupo desperdiçou muito desse lucro em gastos militares, e pouco em medidas que aumentem o padrão de vida em uma das regiões mais pobres do mundo. Também há acusações de corrupção, autocracia e favorecimento tribal.
Alguns dizem que o SPLM é dominado por membros do maior grupo étnico do Sudão do Sul, os dinkas, acusados de ignorar as demandas de outras comunidades – em especial da segunda maior etnia da região, os nuer.
Um observador da situação sudanesa disse à BBC, em condição de anonimato, que “não me surpreenderia se o Sudão do Sul se tornasse uma nova Eritreia”.
Em 1993, os eritreus votaram maciçamente em favor da independência da Etiópia. Atualmente, a Eritreia é considerada uma das nações mais opressivas do continente.
Como Cartum vê a independência do sul?
Nesta sexta-feira, o governo do presidente sudanês, Omar al-Bashir, reconheceu formalmente a independência da parte sul de seu país.
Mas, desde o referendo de janeiro, regiões na fronteira entre sul e norte, como Abyei e Kordofan do Sul, têm vivido uma onda de confrontos, levantando temores de uma nova guerra.
Os dois lados assinaram diversos acordos de paz, mas as tensões permanecem.
 População em Juba comemora independência do Sudão do Sul
Independência foi comemorada, mas novo país nasce com muitos desafios
O SPLM acusa o governo sudanês de financiar rebeliões, para desestabilizar o Sudão do Sul, mas Cartum nega as acusações.
Ainda que o novo país esteja tentando forjar laços com países como Uganda e Quênia, manter boas relações com o vizinho do norte será crucial.
O que acontecerá com o norte?
A prioridade para Cartum, agora, é tentar manter para si o máximo de lucros originados da produção de petróleo do país.
Ao mesmo tempo em que a maioria dos poços fica no Sudão do Sul, o norte tem a maioria dos oleodutos que escoam o combustível para o mar Vermelho.
A fronteira entre o sul e o norte, rica em petróleo, ainda não foi demarcada, então existe a possibilidade de que ocorram disputas pelo controle dos poços.
No que diz respeito à vida dos cidadãos comuns, ambos os lados concordaram em permitir que todos os sudaneses – em especial os sulistas radicados em Cartum – escolham qual nacionalidade terão.

Mas os planos de Bashir de implementar uma rígida versão da sharia (a lei islâmica) no norte do país pode afugentar os sulistas da região.

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